Reflexões Cristãs

crer é também pensar...

sábado, 23 de outubro de 2010

Perde-se ou não a salvação?

Quinta-feira, depois da reunião do Bola de Neve, participei (mais como ouvinte) de uma discussão quente sobre se perdemos ou não a salvação. Fiquei mais inclinado a crer na primeira opção: uma vez salvo não significa salvo para sempre, pois onde estaria a consciência da perseverança?  E o que dizer de textos como Hebreus 6:4 (valeu Gusta!), Hebreus 3:14 e 2Pedro 2:20-22?


Um argumento que ouço a favor da opção de que não perdemos a salvação é o seguinte: se somos salvos pela graça não é o que fazemos ou deixamos de fazer que fará perdermos a salvação. Mas somos salvos pela graça para as boas obras (Efésios 2:8-10)... Aí vem aquela questão: ser verdadeiramente salvo. Isto cabe a cada um responder no mais íntimo do seu coração.

Mas a pergunta que me vem à cabeça é a seguinte: Qual o impacto disso tudo no meu relacionamento com Deus? Saber que existe a possibilidade de perder a salvação muda o que no meu relacionamento com o Eterno? Ou não muda nada? E se não se perde a salvação? Em que isto muda esse relacionamento? Acho que esta é a pergunta mais honesta que posso fazer a mim mesmo no momento.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A graça é de graça?

Reunião para estudar o livro de Efésios. Nos versículos 1 e 2 do capítulo 1, Paulo sauda os santos da igreja de Éfeso e lhes deseja graça e paz. A discussão desses dois versículos durou um bom tempo, pois os temas Santidade e Santificação, Lei e Graça, Fé e Obras vieram à tona. A discussão foi muito boa. Particularmente me fez refletir o quanto preciso aprender sobre esses conceitos básicos da fé cristã. Para isto, o caminho é muita meditação na Palavra e confiança na ação do Espírito Santo de Deus. Sobre lei e graça, parece-me que no judaísmo messiânico a visão é um pouco diferente, com uma valorização maior da lei.  Obs.: O Judaísmo Messiânico é uma ramificação religiosa que segue as tradições religiosas judaicas, e que também acredita na figura de Yeshua (Jesus) como sendo o Messias esperado pela tradição profética judaica. Um dos participantes do estudo é judeu messiânico.


Para mim, o ponto mais importante da discussão, que resumiu boa parte do que conversamos, foi:


Efésios 2:8-10
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazer boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos. 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mãos Vazias sobre Cabeças Vazias?


Segunda passada reunimos um grupo de amigos para louvar, orar e fazer um estudo bíblico. Quando orávamos uns pelos outros comecei a interceder pela presença do Espírito Santo na vida de um deles especificamente, um amigo que considero mais chegado que um irmão. Senti liberdade para impor as mãos sobre ele, assim como fizeram tantos outros homens de Deus na História: Jacó ao transmitir uma bênção profética a Efraim e Manassés (Gn 48:14); Moisés ao comissionar Josué como líder (Dt 34:9); os apóstolos ao transmitirem o Espírito Santo (At 8:14-24, 9:10-17, 19:6); e o próprio Jesus ao transmitir curas e bênçãos (Mc 5:23, Mc 6:5, Mc 8:23-25, Lc 4:40, Lc 13:13) e ao transmitir paz (Ap 1:17).

De repente, percebi que o meu amigo não ficou à vontade com a imposição de uma das minhas mãos em sua cabeça. Retirei imediatamente a mão com um misto de surpresa e decepção. Terminadas as orações, ele tentou explicar porque não gostava que impusessem as mãos sobre ele. Confesso que na hora fiquei perplexo e não consegui prestar muita atenção em sua explicação, algo do tipo que tinha sido ensinado por seu pai, e que somente pastores ou líderes estariam aptos a fazer. Outra pessoa no grupo falou sobre a possibilidade de na imposição de mãos haver transmissão de espíritos malignos e de pecados. Achei tudo aquilo muito estranho e propus que fizéssemos um estudo bíblico sobre o assunto, para não correr o risco de sermos considerados supersticiosos ou meros religiosos de plantão.

O estudo acabou sendo sobre um outro tema, a lei e a graça de Deus (Ef 1 e 2), mas a atitude do meu amigo me deixou intrigado, com uma pulga atrás da orelha. Resolvi fazer por conta própria uma pesquisa sobre o assunto imposição de mãos, e de forma mais abrangente refletir sobre superstições no meio cristão (mas esse é um tema para uma outra postagem aqui no blog!!!).

A única coisa que queria registrar aqui é que nessa minha rápida pesquisa não encontrei fundamento na Palavra que explicasse a atitude do meu amigo. Sinceramente não acredito que somente pastores e líderes podem impor as mãos sobre a cabeça de alguém, pois não é o cargo ou posição de uma pessoa que expressam a sua ligação ou grau de intimidade com Deus. O que talvez tenha mais me deixado surpreso é que eu tenho aprendido isto exatamente com esse amigo.  Será que a tradição falou mais forte para ele nesse caso? ... Ou será que existe na Bíblia alguma recomendação específica que eu não encontrei? 

Concordo que talvez seja prudente que a pessoa que imponha as mãos tenha posição de autoridade na vida do outro (nesse caso acho que é bom diferenciar autoridade estabelecida de autoridade conquistada).  Acredito também que não seja bom deixar “qualquer um” orar e impor as mãos sobre nós (por exemplo, alguém desconhecido que possa estar envolvido com ocultismo ou que viva uma vida desregrada). Mas mesmo nesses casos, como legítimos filhos  de Deus, podemos recorrer a Gn 12:3 “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem (...)” e 1Jo 5:18: Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o maligno não o atinge”. Se não acreditar nisto, corremos o risco de viver um evangelho supersticioso e cheio de medos.

Acho que a amizade ficou um pouco abalada com o ocorrido, como se algo precioso, uma relação forte de confiança, tivesse sido arranhada. Daqui pra frente vou pensar duas (ou mais) vezes antes de impor as mãos sobre algum amigo para orar. Aprendi que nesse gesto é preciso que um queira doar e o outro queira receber. Melhor seria se eu tivesse antes ouvido o conselho do apóstolo Paulo em 1Tm 5:22 “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios. Conserva-te a ti mesmo puro”.